‘Por trás da farda, somos seres humanos’, diz policial que acolheu mãe de jovem morto em Feira de Santana
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‘Por trás da farda, somos seres humanos’, diz policial que acolheu mãe de jovem morto em Feira de Santana

‘Por trás da farda, somos seres humanos’, diz policial que acolheu mãe de jovem morto em Feira de Santana Crédito: Reprodução de vídeo

Um corpo jovem estendido em pleno centro de Feira de Santana, vítima de tiro, uma mãe em choque aos prantos e uma policial entre o dever de preservar a cena de um crime, em uma das mais movimentadas avenidas de Feira de Santana e ser amparo ao sofrimento alheio. O crime que tirou a vida do ambulante Ezequiel Nascimento Carneiro, 21, seria mais um para a conta da violência urbana em Feira de Santana se não fosse a ação da SD PM Lorena, da 64ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM).

O abraço entre a policial e a mãe chamou mais a atenção do que os tiros que feriram a vítima ou a ousadia dos algozes em cometer o crime no centro de Feira de Santana. Em entrevista ao programa Transnotícias, da rádio TransBrasil Feira FM 99,5, a SD PM Lorena comentou sobre o episódio, ocorrido na última terça-feira (29).

“Quando cheguei, primeiro a gente foi dar o apoio a uma equipe que já estava lá. A irmã [da mãe] estava primeiro, estava muito desesperada e a mãe chega depois. Quando a mãe chega, a equipe já estava fazendo o trabalho do DPT e ela se lança sobre o filho. Aquela cena, cortou meu coração”, disse a militar. “Por trás da farda, somos seres humanos. Então a gente tem filho, tem irmão, tem parente e naquele momento eu não conseguia ver ninguém além de uma mãe sofrendo por conta de um filho”, resumiu a policial de 42 anos. “Passamos por situações onde a gente vê pessoas sendo mortas, a violência realmente está exacerbada e nos deparamos com situações do nosso dia-a-dia o tempo todo e outras situações aqui pertinentes à comunidade, mas aquele desespero daquela mãe me tocou de uma forma muito singular”, lembrou Lorena.

“Eu disse desde o dia que eu entrei na Polícia Militar, dez anos atrás, que se eu perdesse minha humanidade, que Deus me tirasse do meu cargo”. E essa foi mais uma prova de que a farda da Polícia Militar ainda veste a soldado Lorena, que em toda experiência como policial, somada a carreira de trabalho em comunidades, já atuou no Calabar, em Salvador e atualmente está na Rua Nova, em Feira de Santana, perdeu a conta de quantas vezes deixou o lado humano, para além do policial, aflorar.

“Era um gesto que era pra ser tão fácil de ser acolhido. Era para gente viver essa realidade todos os dias. É um gesto que eu faço continuamente aqui na comunidade, eu e outros vários colegas, mas que não é televisionado, não é fotografado, causa tanta estranheza nas pessoas. Porque tem realmente nos faltado um pouquinho de empatia, então naquele momento eu não era Lorena apenas policial: eu era Lorena mãe, eu era Lorena amiga”, contou.

“Sou uma mulher de 42 anos, mãe, filha, irmã, tia e que sou apaixonada pela vida. Eu precisava estar aqui pra servir ao outro. Então Lorena é aquilo ali que vocês viram ontem que pode ser fotografado, eu faço todos os dias dentro da comunidade da Rua Nova e a comunidade é testemunha disso do meu amor e da minha devoção a ela. É o tempo todo a gente acolhendo as pessoas aqui dentro da comunidade para ajudar, para direcionar, para acolher, para dar um pouquinho de carinho. Eu sou mãe, minha turma de Policial, de soldados, diz que eu sou a mãe da turma e é esse sentimento que eu trago comigo porque a mãe cuida, a mãe exorta, a mãe é companheira, é parceira e é um pouquinho do que eu faço dentro do meu trabalho aqui dentro da comunidade”, comentou a policial.

Atuando no bairro da Rua Nova, no contexto das ações do programa Proerd, onde Polícia está nas salas de aula em contato com estudantes, a SD PM Lorena, comenta sobre o papel de prevenção no trabalho da Polícia Militar. “A Polícia precisa servir e proteger o próximo e o serviço vai além de eu ir para uma delegacia prender alguém, levar um ladrão, ela vai além disso. É a capacidade de prevenir alguns crimes e de atender a minha comunidade da melhor forma possível seja no atendimento simples para dar uma orientação, seja como para conseguir qualquer outra coisa para essa comunidade. Então para quem me conhece não foi novidade nenhuma, não causou espanto a ninguém”, finalizou.

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