Desertificação no Semiárido: soluções que brotam da resistência dos povos da terra
Meio Ambiente Bahia

Desertificação no Semiárido: soluções que brotam da resistência dos povos da terra

Desertificação no Semiárido: soluções que brotam da resistência dos povos da terra Foto: Alan Suzarte - MOC

A desertificação é uma ameaça silenciosa que vem transformando paisagens e modos de vida no semiárido brasileiro. Longos períodos de estiagem, desmatamento e uso inadequado do solo agravam o processo, tornando a terra mais frágil, a água mais escassa e o futuro das famílias agricultoras cada vez mais incerto.

Segundo o Instituto Nacional do Semiárido (INSA), cerca de 85% da região semiárida já apresenta algum grau de desertificação. Aproximadamente 9% encontra-se em estágio avançado, sendo consideradas áreas desertificadas. Um levantamento do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite da UFAL (LAPIS) reforça a gravidade do cenário: 13% da região já tem níveis de degradação quase desérticos.

Desertificação

Desertificação do bioma Caatinga, causada por desmatamento, queimadas, erosão e uso inadequado do solo.
Foto: Reprodução

A desertificação acontece quando o solo perde a capacidade de reter água e nutrientes, o que afeta diretamente o cultivo de alimentos, o acesso à água e compromete a segurança alimentar das famílias do campo.

Mas, mesmo em meio ao dias de estiagem e à desigualdade, soluções brotam da própria terra, cultivadas a partir do conhecimento popular e da resistência das comunidades. É a proposta da convivência com o semiárido, um modo de vida que reconhece esse território como lugar de diversidade e possibilidades.

Para a geógrafa e educadora popular Maiane Figueiredo, o processo de desertificação é uma consequência direta da forma como a natureza vem sendo tratada.

“A desertificação se apresenta como um tema sensível por se estabelecer como uma das consequências das mudanças climáticas. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, é um processo decorrente da degradação ambiental e socioambiental, particularmente dessas regiões áridas e semiáridas, e está associado a fatores como escassez de chuvas e ações humanas, como o desmatamento e a exploração intensiva do solo, que resultam na compactação da terra e perda da sua capacidade produtiva”, explica.

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Ela reforça que, embora os efeitos sejam devastadores, a resposta pode vir do próprio território.
“Esse processo é um reflexo de como o ser humano tem tratado a natureza. No semiárido, ele se manifesta com maior força, atingindo quem menos contribuiu para esse desequilíbrio, que são os povos do campo. É uma injustiça ambiental e social. A terra perde a vida e com ela as pessoas perdem os seus direitos. Mas isso não é uma sentença. Quando há investimentos em políticas públicas e valorização dos saberes populares, da identidade do povo do campo, o semiárido floresce mesmo em meio à estiagem”, afirma.

A convivência com o semiárido envolve práticas como captação e reuso da água da chuva, uso de sementes crioulas, proteção da vegetação nativa, produção agroecológica e assessoria técnica continuada. As cisternas, nesse contexto, são uma peça fundamental, mas não o centro da proposta: fazem parte de um conjunto mais amplo de soluções que garantem o bem viver no sertão.

“A cisterna não é só uma tecnologia, é um símbolo de esperança”, destaca Ana Glécia, coordenadora do Programa Água, Produção de Alimentos e Agroecologia do MOC. “É com a água guardada que muita gente consegue cultivar o que come, alimentar as crianças e viver com mais dignidade. Isso é o direito humano à alimentação saudável sendo efetivado pela garantia da segurança alimentar e nutricional. Mas a água sozinha não é suficiente para a convivência com o semiárido. São necessárias outras estratégias que contribuam para o bem viver das populações.”

Nesse sentido, o Movimento de Organização Comunitária (MOC) tem atuado junto às organizações sociais dos territórios para fortalecer políticas públicas e implementar ações concretas nas comunidades. Por meio de oficinas, visitas técnicas, rodas de conversa e processos formativos, a organização incentiva práticas que recuperam o solo, valorizam os saberes populares e promovem a autonomia das famílias agricultoras.

Desertificação

Foto: Alan Suzarte – MOC

Conviver com o semiárido é resistir. É cuidar da terra, respeitar seus ciclos e reconhecer o potencial dos seus povos. A desertificação é um desafio real, mas as respostas também são concretas e nascem do próprio chão.

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