Ministro Luiz Fux diverge, mas Primeira Turma do STF confirma tornozeleira para Jair Bolsonaro
Por Hamurabi Dias | 22/07/2025 15:30 e atualizado em 22/07/2025
Foto: Andressa Anholete/SCO/STF
Resumo da notícia
- Por 4 votos a 1, a Primeira Turma do STF decidiu manter medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e restrições de comunicação. O único voto contrário foi do ministro Luiz Fux, que considerou as medidas desproporcionais por falta de provas concretas de tentativa de fuga.
- O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, apontou postagens e declarações públicas de Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro como indícios de coação, obstrução de justiça e tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. Moraes também mencionou tentativas de influenciar autoridades estrangeiras como ameaça à soberania nacional.
- Moraes deu 24 horas para que a defesa de Bolsonaro explique o descumprimento de cautelares, sob risco de prisão. Também determinou que entrevistas do ex-presidente não podem ser retransmitidas nas redes sociais, reforçando a proibição de manifestações públicas e contatos com investigados.
Por maioria de 4 a 1, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter as medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes ao ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. Último a votar, o ministro Luiz Fux foi o único a discordar.
Para Fux, a Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) não apontaram “provas novas e concretas nos autos de qualquer tentativa de fuga empreendida ou planejada pelo ex-presidente”. Por esse motivo, impor medidas restritivas a Bolsonaro seria uma atitude desproporcional, votou o ministro.
O voto de Fux entrou no sistema menos de uma hora antes do fim da sessão virtual extraordinária da Primeira Turma, que começou às 12h de sexta-feira (19) e terminou às 23h59 de segunda-feira (21).
Em outro trecho, Fux reconhece pressões que tentam intimidar o Supremo, mas afirmou que o STF tem conseguido demonstrar de “forma inequívoca a sua independência e a sua impermeabilidade às pressões dos setores que manifestam desagrado com as suas decisões”, assinalou.
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Maioria
Os demais quatro ministros do colegiado – além do próprio Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia – votaram por manter as cautelares, diante do risco de fuga de Bolsonaro e para que ele interrompa o que seria uma tentativa de intimidar o Supremo Tribunal Federal a arquivar a ação penal sobre uma trama golpista da qual é réu.
Além da tornozeleira, as medidas incluem o recolhimento noturno e nos fins de semana e a proibição de se comunicar com o filho Eduardo Bolsonaro, bem como de se manifestar nas redes sociais.
Ao impor as medidas, o ministro Alexandre de Moraes atendeu a pedidos da PF e da PGR, e apontou para diversas postagens de Bolsonaro e Eduardo, e também para entrevistas dos dois a canais de TV e da internet, em que defendem, por exemplo, sanções do governo dos Estados Unidos contra autoridades brasileiros e o próprio Brasil.
Moraes entendeu que os dois fazem um “flagrante confissão” do cometimento de crimes como coação no curso do processo, obstrução de justiça e tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. Em outro trecho da decisão, o ministro cita ainda um possível atentado à soberania nacional.
Ação penal
O esforço para mobilizar o governo dos EUA a intimidar a justiça brasileira se intensifica à medida que avança no Supremo a ação penal sobre uma tentativa de golpe de Estado que teria sido liderada por Bolsonaro, segundo denúncia da PGR.
Nesta segunda-feira (21), Moraes deu 24 horas para que a defesa de Bolsonaro explique – “sob pena de decretação imediata da prisão do réu” – o descumprimento de algumas das medidas cautelares desde que foram impostas. Mais cedo, o ministro publicou despacho para esclarecer que entrevistas concedidas pelo ex-presidente não podem ser retransmitidas nas redes sociais, por exemplo.
Confira as medidas determinadas contra Bolsonaro
– Uso de tornozeleira eletrônica;
– Recolhimento domiciliar noturno entre 19h e 6h, de segunda a sexta-feira, e integral nos fins de semana e feriados;
– Proibição de aproximação e de acesso a embaixadas e consulados de países estrangeiros;
– Proibição de manter contato com embaixadores ou autoridades estrangeiras;
– Proibição de uso de redes sociais, diretamente ou por intermédio de terceiros;
– Proibição de manter contato com Eduardo Bolsonaro e investigados dos quatro núcleos da trama golpista.
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