Política é nuvem, mas também é xadrez
O Jogo e o Tabuleiro Colunas

Política é nuvem, mas também é xadrez

Política é nuvem, mas também é xadrez Foto: Reprodução

Por Victor Limeira*

Tem um jargão eleitoral que diz que “política é igual a nuvem: você olha e tá de um jeito, olha de novo e já mudou”. Se você entender essa frase de forma mais ampla, já tem metade do conhecimento necessário pra seguir nesse negócio. Pode parecer simples à primeira vista, mas não é. Este ano completo 10 anos trabalhando com comunicação política, entre eleições majoritárias e proporcionais e posso afirmar, sem medo de errar, que compreender de verdade como o jogo funciona exige mais do que leitura e boas intenções. Exige vivência, escuta sobre política, mas, sobretudo, pelo que existe por trás desse xadrez.

Na política não existem inimigos. O tabuleiro é complexo, as peças se movem com lógica própria e, quase sempre, invisível aos olhos de quem assiste de fora. Como “a fiandeira que vive a fiar”, eles estão sempre costurando algo. Quem viu a polarização entre PT e PSDB nos anos 90/2000, jamais imaginaria, por exemplo, que um dia Alckmin pudesse ser vice de Lula (mesmo por outra legenda). Mas política é isso: um campo onde alguém sempre está cedendo, outro calculando, e todos, de alguma forma, tentando ocupar espaços.

De igual forma, também não existem amigos. As alianças são circunstanciais, os afetos são estratégicos e a memória costuma ser curta. Já vi muita gente que jurou lealdade eterna nem conseguir dividir o mesmo ambiente anos depois. Não é sobre afeto, é sobre sobrevivência. Como diz Gilberto Gil: “procure saber”.

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No meio disso tudo, tem o profissional de comunicação, muitas vezes seduzido pela ideia de que faz parte do jogo no campo emocional. E não é raro ver assessor tomando as dores de candidato, alimentando ranço de adversário, se metendo em embate nas redes sociais como se a briga fosse dele. Só que não é. Narrativa, quase sempre, é perspectiva. E nessa dança de palavras, versões e alianças que mudam, quem fecha portas por impulso pode acabar ficando do lado de fora quando o tabuleiro gira. Porque ele sempre gira.

Tem também um detalhe que é pouco discutido, mas que faz toda diferença pra quem vive disso: o candidato e o mandatário raramente são a mesma pessoa. Durante a campanha, há uma entrega, uma persona construída, uma certa leveza. Depois da eleição, o tom muda. O poder transforma. A vaidade entra. A cobrança pesa. E quem trabalha com comunicação precisa saber transitar entre esses dois momentos e essas duas versões do mesmo sujeito. Confundir “ser” com “estar” é um dos erros mais comuns nesse meio e também um dos mais caros.

Política, no fim das contas, é um jogo que exige leitura constante, cautela e um bom grau de frieza. Porque não é sobre se emocionar com o tabuleiro, é sobre entender quem tá mexendo nas peças. Afinal de contas, política e no tabuleiro, estratégia é sempre como podemos antecipar o próximo passo.

* Victor Limeira é Jornalista, estrategista político e feirense até roer os ossos.

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